terça-feira, 29 de novembro de 2011

Idades inatingíveis (ou da série: tirando o mofo)

Resolvi publicar este texto que há algum tempo eu escrevi, mas que havia deixado guardado.  Ei-lo:

Idades inatingíveis

Quando eu era criança, ainda nos primeiros anos do colégio, olhava para aqueles “adultos”, no alto dos seus 15 anos e os achava o máximo. Pensava comigo se um dia eu seria grande e popular como eles. Como o tempo demorou a passar até que eu chegasse nessa idade!

Finalmente, quando comemoro meu 15º aniversário, eu nem atento para esse fato. Não me notei grande e tampouco popular. Isso aconteceu porque, talvez, eu já tivesse outra meta a atingir: completar 18 anos! Porque finalmente eu tiraria minha carteira de motorista (carta de alforria para muitos adolescentes) e, para aqueles amigos de humor mais refinado, já poderia ser preso. Uma maravilha!

Dessa vez eu senti o tempo passar mais depressa e logo me vi na maioridade. Sim, tirei minha carteira de motorista o mais rápido que pude (falhei na primeira tentativa, mas tudo bem). Não, não fui preso (mas ainda há tempo)! Acontece que não houve tanta empolgação quanto eu imaginava que teria ao alcançar tão desejada idade.

A cabeça se ocupava com outras preocupações, como o vestibular que se aproximava, um relacionamento que estava um pouco conturbado e etc. Ou seja: não me vi com 18 anos. Infelizmente.

Agora, vocês podem imaginar, eu miraria um futuro próximo, uma vez que, passados os 18 primeiros anos, o restante passa num ritmo alucinante (quase não se percebe o envelhecimento). Sonharia comigo formado, empregado e, se a sorte me sorrir, bem acompanhado...

Mas, quando eu paro e penso, me pergunto: será que é isso mesmo que eu quero? Será que estarei tão empolgado quanto julgo estar agora com a possibilidade de os meus sonhos se concretizarem? Ou será que eu quero voltar a viver tudo aquilo que pensei que viveria e não vivi?  É bem verdade que essas idades são inatingíveis. Ou, pelo menos, elas não nos surgem quando mais desejamos. Que pena!

2 comentários:

Thiago Mariz disse...

Interessante esse seu texto e o ponto de vista. Essa vida com essência capitalista, que objetiva sempre atingir metas, leva-nos a perder a vivência do hoje. Porque, no final das contas, todas essas conquistas não servirão de nada. Não levaremos nada disso. Eles são acessórios para podermos viver melhor o essencial. Infelizmente, não sem intenção, o capitalismo transformou-se de um meio para alcançarmos melhor qualidade de vida, num fim em si mesmo.

Acho que viajei demais, né?

Seu texto, pra variar, é brilhante!

André Palhano disse...

Que viagem, meu amigo!